sábado, 2 de abril de 2016

Capítulo I. ... O melhor atirador de elite da Marinha de guerra do Brasil aguarda escondido

Rio de Janeiro, 31 de março de 20__. Um dos melhores atiradores de elite da Marinha de guerra do Brasil aguarda escondido em meio as folhagens. Em algumas horas a comitiva passará pouco abaixo dele.

O atirador é um homem jovem, inteligente. No momento fazia o que gostava.
Depois de passar quatro anos no Exército, nos comandos, um pelotão de elite, resolveu ir para a Marinha, onde fez o curso de Mergulhador de Combate e se especializou naquilo que mais gostava, sniper, atirador de elite ou outros nomes que designam aqueles que tem a função de alvejar alvos importantes a distâncias incomuns.



Era um dos poucos atiradores brasileiros com experiência em campo de batalha. Consta em seu currículo algumas ações junto aos já conhecidos SEALs e Sayeret Matkal, tropa de elite do exército israelense. Seu nome real não importava. Naquela operação decidiu ser chamado pelo codinome Terán. Quem conhece a história da América Latina sabe que o Terán é o nome do homem que executou Che Guevara.

Aquele seria um serviço especial. Foi por isso que escolheu esse nome. Como o carrasco de Chê, ele era também era contra a morte de pessoas inocentes e principalmente sem chance de defesa. Mas, se não executasse aquele serviço, toda a América Latina corria o risco de se afundar mais ainda. 

Havia um problema. Terán não era um suicida fanático. Ele queria permanecer vivo e em liberdade após aquela missão. Para isso todas as ações que se seguiriam à eliminação do alvo teriam que ser bem sucedidas. O plano teria que ser seguido a risca. Caso contrário, provavelmente seria preso e passaria o resto da vida atrás das grades.

Há dois dias soube que exército venezuelano já avançara até às proximidades de Macapá. Naquele momento estavam acampados na cidade de Mazagão. A cúpula das Forças Armadas, apesar das atrocidades que se sabe que já ter ocorrido por lá, se nega a tomar um providência e sequer admitir que se trata de uma invasão. Porta-aviões estrangeiros estariam no momento no mar territorial brasileiro. Um deles estaria navegando a apenas 10 milhas da costa do Amapá. Os outros dois, consignados pela Rússia à Venezuela ,lotados de aeronaves SU-24 estão fundeados ao largo do posto Oceanográfico da ilha de Trindade, a 600 milhas náuticas de Vitória. Bem perto da Região Sudeste. Mas, fora do alcance da nossa artilharia.

__Bem, a partir de amanhã o Brasil será outro. Pelo menos é o que espero. Pensou alto o atirador.

A ambulância entrou correndo muito pelos portões do primeiro distrito naval, no Rio de janeiro. No fim de semana o pátio do distrito é um labirinto de estreitas vielas formadas entre os automóveis usados para transportar os almirantes para suas casas e, as vezes, levar suas esposas para fazer compras. 

Após driblar a confusão de carros luxo a van subiu o ponte que leva até a Ilha das Cobras e se dirigiu para o hospital Naval. Quem dirigia era um homem robusto. Nos muitos buracos e lombadas sua cabeça batia no teto do automóvel. Mas, ele conhecia muito bem aquele caminho, entraria ali de olhos vendados.
Servira por mais de 20 anos no Porta Aviões São Paulo e trafegava muito a pé por ali, principalmente para levar marinheiros e fuzileiros para passar algum tempo no presídio naval. As vezes trancafiados por infrações minúsculas.

O motorista não concordava nada com aquilo. Achava que as punições deveriam ser de outra maneira. Os telejornais de todos os dias mostravam que os políticos roubavam sem parar e raramente iam pra cadeia. Por que então seria correto trancar numa cela um soldado ou um marinheiro só porque ele chegou alguns minutos atrasado no navio? Ele mesmo recentemente passara 10 dias no presídio. Faltou uma dia ao quartel e foi punido por isso. Mas, a infração foi de propósito, o fez porque fazia parte de sua missão investigar a prisão militar para conhecer exactamente como era a rotina no local e, principalmente, conhecer detalhes sobre o monitoramento e circulação de militares na área externa próxima à portaria principal.

Com o veículo a quase 80 por hora, subiu a rampa que leva ao hospital, quando passou em frente à portaria do Presídio, justamente em frente ao elevador que facilita a subida até o hospital militar, faltava alguns instantes para 22 horas, quando soa o toque de ceia. Isso ia lhe dar pelo menos alguns segundos de oportunidade, o suficiente para desembarcar sua carga. 

O sentinela teria que se deslocar até a sala ao lado da portaria, onde fica o microfone do fonoclama para então anunciar o toque de ceia no sistema de som do presídio. Nesse intervalo não teria como observar os monitores das câmeras externas.

“__Presídio Naval, Ceia. “

Quando o soldado voltou a sala dos monitores viu apenas a parte traseira de uma ambulância virando a última curva para a esquerda que leva ao Hospital Central da Marinha. 

Ninguém percebeu, mas um homem havia descido rápido e já estava nos arbustos, logo acima de uma ribanceira, o local estrategicamente definido.

Só depois de se ajeitar é que resolveu procurar as armas e seu auxiliar, o observador. Estava preocupado. Havia se preparado para agir só. Seu plano de fuga era para um só homem e não queria o compromisso de ter de ajudar alguém caso tivesse problemas. Contudo, a organização resolvera enviar outro homem na madrugada anterior. Decidiram que seria mais seguro se o equipamento fosse enviado antes.

__Você vai fazer exactamente o que eu mandar e quando eu mandar. Falou logo que o viu.
__Calma cara. Isso não foi decisão minha. Meu nome é Silas.
__Deixe-me ver a arma. Disse Téran. Bruscamente.

A ação estava planejada para as nove da manhã do dia seguinte. A comitiva presidencial passaria bem abaixo deles, em velocidade bastante reduzida por causa da curva no final da ponte que leva a Ilha das Cobras.

Pelo que foram informados haveria quatro automóveis. O primeiro sempre é usado pela segurança, e o último também. Os outros dois eram rigorosamente iguais, um levaria o alvo e o outro, com certeza, seria usado com o objetivo de despistar um possível atirador etc. Eventualmente esse segundo veículo pode levar algum auxiliar direto do alvo. Nesse caso era provável que fossem militares do alto escalão, ou diplomatas.

Durante todo o percurso normalmente os dois veículos principais vão se alternando.

Identificar o carro exato não era tão importante. Pretendia destruir totalmente os quatro. Obviamente começaria pelo primeiro veículo do comboio. Isso fará com que os outros três tenham que parar. Ou pelo menos reduzir drasticamente a velocidade.

O tempo era mais do que suficiente e, observando o croqui que lhe foi entregue, o atirador decidiu alvejar o primeiro veículo quando ele estivesse no ponto 1, que lhe permitiria acertar o teto bem acima do motorista com mais facilidade.



No ponto 2, pouco antes da curva à esquerda, a velocidade dos alvos seria bem menor. Contudo, com o ângulo mais aberto havia o risco do projétil sair pelo vidro traseiro do veículo, ou explodir no porta-malas, onde o dano seria bem menor. Já no ponto 1 seu ângulo seria de quase 90 graus. Após o primeiro tiro o carro pararia cerca de 10 ou 20  metros a frente, enquanto os outros, por alguns instantes continuariam trafegando na mesma direção. A possibilidade de fracasso era praticamente zero. Contudo, tinha liberdade para escolher o momento e local mais adequado.


Enquanto aguardavam amanhecer os dois militares permaneciam em silêncio. A ação seria por volta das nove da manhã.

__Que arma é essa?
__ É um Barret cara, uma M107. Nunca ouviu falar?

__Não, disse Silas. Com ar de desdém. __É só uma arma, igual as outras. Acho que um FAL faria muito bem o trabalho a essa distância. Complementou. 

__Mas não teríamos capacidade de usar essa munição. Essa arma é a ideal, uma das melhores da atualidade. Não sei quem foi meu fornecedor. Mas, espero que tenham fornecido a munição que eu solicitei, exatamente o que eu preciso para executar o serviço.

Havia dois carregadores cheios na mochila. Júlio retirou todos os projéteis. Os carregadores convencionais do Barret M-107 têm capacidade para 10 cartuchos. 

A disposição da munição havia sido colocada de acordo com a missão.

Os seis primeiros projeteis em cada cartucho tinham as extremidades na coloração branca e verde. Silas não consegui identificá-las pelas cores. Contudo, Julio sabia do que se tratava. Eram do tipo MK-211, perfurantes com carga explosiva. 

Não eram utilizados pelas forças armadas do Brasil. Mas já havia visto alguns nas mãos de militares da Noruega, quando participou de uma operação conjunta no Líbano. A munição desse tipo um sistema que atrasa a detonação até que o projétil esteja dentro do veículo a ser alvejado. 


Os quatro últimos cartuchos tinham as pontas azuis. Esses foram facilmente identificados por Silas. Qualquer militar sabe que essa coloração indica que a munição é incendiária. Eram os ideais para por fim a situação que se apresentava. Os primeiros tiros perfurariam a blindagem do teto e explodiriam no interior dos veículos. Os últimos ateariam fogo em qualquer coisa que restasse. 

Era impossível que alguém escapasse com vida. Se tudo saísse como planejado o segundo carregador, como munição convencional, não seria usado.




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Em um porão, dois andares abaixo da Igreja da Santa Cruz dos Militares, em plena Avenida Primeiro de Março, no centro da cidade do Rio de Janeiro, um senhor de cerca de 80 anos caminhava por um corredor escuro e úmido, as paredes eram de pedra... 

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