Rio de Janeiro, 31 de março de 20__. Um dos melhores atiradores de
elite da Marinha de guerra do Brasil aguarda escondido em meio as folhagens. Em
algumas horas a comitiva passará pouco abaixo dele.
O atirador é um homem jovem, inteligente. No momento fazia o
que gostava.
Depois de passar quatro anos no Exército, nos comandos, um
pelotão de elite, resolveu ir para a Marinha, onde fez o curso de Mergulhador
de Combate e se especializou naquilo que mais gostava, sniper, atirador de elite ou outros nomes que designam aqueles que tem a função de alvejar alvos importantes a distâncias incomuns.
Era um dos poucos atiradores brasileiros com experiência em
campo de batalha. Consta em seu currículo algumas ações junto aos já conhecidos
SEALs e Sayeret Matkal, tropa de elite do exército israelense. Seu nome real não importava. Naquela operação decidiu ser
chamado pelo codinome Terán. Quem conhece a história da América Latina sabe que
o Terán é o nome do homem que executou Che Guevara.
Aquele seria um serviço especial. Foi por isso que escolheu
esse nome. Como o carrasco de Chê, ele era também era contra a morte de pessoas
inocentes e principalmente sem chance de defesa. Mas, se não executasse aquele
serviço, toda a América Latina corria o risco de se afundar mais ainda.
Havia um problema. Terán não era um suicida fanático. Ele
queria permanecer vivo e em liberdade após aquela missão. Para isso todas as
ações que se seguiriam à eliminação do alvo teriam que ser bem sucedidas. O plano teria que ser seguido a risca. Caso
contrário, provavelmente seria preso e passaria o resto da vida atrás das
grades.
Há dois dias soube que exército venezuelano já avançara até às
proximidades de Macapá. Naquele momento estavam acampados na cidade de Mazagão.
A cúpula das Forças Armadas, apesar das atrocidades que se sabe que já
ter ocorrido por lá, se nega a tomar um providência e sequer admitir que se trata de uma
invasão. Porta-aviões estrangeiros estariam no momento no mar territorial
brasileiro. Um deles estaria navegando a apenas 10 milhas da costa do Amapá. Os
outros dois, consignados pela Rússia à Venezuela ,lotados de aeronaves SU-24 estão fundeados ao largo do
posto Oceanográfico da ilha de Trindade, a 600 milhas náuticas de Vitória. Bem perto da Região Sudeste. Mas, fora do alcance da nossa artilharia.
__Bem, a partir de amanhã o
Brasil será outro. Pelo menos é o que espero. Pensou alto o atirador.
A ambulância entrou correndo muito pelos portões do primeiro
distrito naval, no Rio de janeiro. No fim de semana o pátio do distrito é um labirinto de
estreitas vielas formadas entre os automóveis usados para transportar os
almirantes para suas casas e, as vezes, levar suas esposas para fazer compras.
Após driblar a confusão de carros luxo a van subiu o ponte que leva até a Ilha das Cobras e se dirigiu para o hospital Naval. Quem dirigia era um homem robusto. Nos muitos buracos e lombadas sua cabeça batia no teto do automóvel. Mas, ele conhecia muito bem aquele caminho, entraria ali de olhos vendados.
Após driblar a confusão de carros luxo a van subiu o ponte que leva até a Ilha das Cobras e se dirigiu para o hospital Naval. Quem dirigia era um homem robusto. Nos muitos buracos e lombadas sua cabeça batia no teto do automóvel. Mas, ele conhecia muito bem aquele caminho, entraria ali de olhos vendados.
Servira por mais de 20 anos no Porta Aviões São Paulo e
trafegava muito a pé por ali, principalmente para levar marinheiros e
fuzileiros para passar algum tempo no presídio naval. As vezes trancafiados por infrações minúsculas.
O motorista não concordava nada com aquilo. Achava que as
punições deveriam ser de outra maneira. Os telejornais de todos os dias
mostravam que os políticos roubavam sem parar e raramente iam pra cadeia. Por
que então seria correto trancar numa cela um soldado ou um marinheiro só porque
ele chegou alguns minutos atrasado no navio? Ele mesmo recentemente passara 10 dias no presídio. Faltou uma dia ao quartel e foi punido por
isso. Mas, a infração foi de propósito, o fez porque fazia parte de sua missão investigar a prisão militar para conhecer exactamente como era a rotina no local e, principalmente, conhecer detalhes sobre o monitoramento e circulação de militares na área externa
próxima à portaria principal.
Com o veículo a quase 80 por hora, subiu a rampa que leva
ao hospital, quando passou em frente à portaria do Presídio, justamente em frente ao elevador que facilita a subida até o hospital militar, faltava alguns
instantes para 22 horas, quando soa o toque de ceia. Isso ia lhe
dar pelo menos alguns segundos de oportunidade, o suficiente para desembarcar sua carga.
O sentinela teria que se deslocar até a sala ao lado da portaria, onde fica o microfone do fonoclama para então anunciar o toque de ceia no sistema de som do presídio. Nesse intervalo não teria como observar os monitores das câmeras externas.
O sentinela teria que se deslocar até a sala ao lado da portaria, onde fica o microfone do fonoclama para então anunciar o toque de ceia no sistema de som do presídio. Nesse intervalo não teria como observar os monitores das câmeras externas.
“__Presídio Naval,
Ceia. “
Quando o soldado voltou a sala dos monitores viu apenas a parte traseira de uma ambulância virando a última curva para a esquerda que leva ao Hospital Central da Marinha.
Ninguém percebeu, mas um homem havia descido rápido e já estava nos arbustos, logo acima de uma ribanceira, o local estrategicamente definido.
Ninguém percebeu, mas um homem havia descido rápido e já estava nos arbustos, logo acima de uma ribanceira, o local estrategicamente definido.
Só depois de se ajeitar é que resolveu procurar as armas e seu auxiliar, o observador. Estava preocupado. Havia se preparado para agir só. Seu plano de
fuga era para um só homem e não queria o compromisso de ter de ajudar alguém
caso tivesse problemas. Contudo, a organização resolvera enviar outro homem na
madrugada anterior. Decidiram que seria mais seguro se o equipamento fosse
enviado antes.
__Calma cara. Isso não
foi decisão minha. Meu nome é Silas.
__Deixe-me ver a arma.
Disse Téran. Bruscamente.
A ação estava planejada para as nove da manhã do dia
seguinte. A comitiva presidencial passaria bem abaixo deles, em velocidade
bastante reduzida por causa da curva no final da ponte que leva a Ilha das Cobras.
Pelo que foram informados haveria quatro automóveis. O
primeiro sempre é usado pela segurança, e o último também. Os outros dois eram
rigorosamente iguais, um levaria o alvo e o outro, com certeza, seria
usado com o objetivo de despistar um possível atirador etc. Eventualmente esse
segundo veículo pode levar algum auxiliar direto do alvo. Nesse caso era
provável que fossem militares do alto escalão, ou diplomatas.
Durante todo o percurso normalmente os dois veículos principais
vão se alternando.
Identificar o carro exato não era tão importante. Pretendia destruir totalmente os quatro. Obviamente começaria pelo primeiro veículo do comboio. Isso fará com que os
outros três tenham que parar. Ou pelo menos reduzir drasticamente a
velocidade.
O tempo era mais do que suficiente e, observando o croqui
que lhe foi entregue, o atirador decidiu alvejar o primeiro veículo quando ele
estivesse no ponto 1, que lhe permitiria acertar o teto bem acima do motorista
com mais facilidade.
No ponto 2, pouco antes da curva à esquerda, a velocidade dos
alvos seria bem menor. Contudo, com o ângulo mais aberto havia o risco do
projétil sair pelo vidro traseiro do veículo, ou explodir no porta-malas, onde
o dano seria bem menor. Já no ponto 1 seu ângulo seria de quase 90 graus. Após
o primeiro tiro o carro pararia cerca de 10 ou 20 metros a frente, enquanto os outros, por
alguns instantes continuariam trafegando na mesma direção. A possibilidade de
fracasso era praticamente zero. Contudo, tinha liberdade para escolher o
momento e local mais adequado.
Enquanto aguardavam amanhecer os dois militares permaneciam
em silêncio. A ação seria por volta das nove da manhã.
__Que arma é essa?
__ É um Barret cara, uma M107. Nunca ouviu falar?
__Não, disse Silas. Com ar de desdém. __É só uma arma, igual as outras. Acho que um FAL faria muito bem o trabalho a essa distância. Complementou.
__Mas não teríamos capacidade de usar essa munição. Essa arma é a ideal, uma das melhores da atualidade. Não sei quem foi meu fornecedor. Mas, espero que tenham fornecido a munição que eu solicitei, exatamente o que eu preciso para executar o serviço.
Havia dois carregadores cheios na mochila. Júlio retirou todos os projéteis.
Os carregadores convencionais do Barret M-107 têm capacidade para 10 cartuchos.
A disposição da munição havia sido colocada de acordo com a missão.
A disposição da munição havia sido colocada de acordo com a missão.
Os seis primeiros projeteis em cada cartucho tinham as extremidades na coloração branca e verde. Silas não consegui identificá-las pelas cores. Contudo, Julio sabia do que se
tratava. Eram do tipo MK-211, perfurantes com carga explosiva.
Não eram utilizados pelas forças armadas do Brasil. Mas já havia visto alguns nas mãos de militares da Noruega, quando participou de uma operação conjunta no Líbano. A munição desse tipo um sistema que atrasa a detonação até que o projétil esteja dentro do veículo a ser alvejado.
Os quatro últimos cartuchos tinham as pontas azuis. Esses foram facilmente identificados por Silas. Qualquer militar sabe que essa coloração indica que a munição é incendiária. Eram os ideais para por fim a situação que se apresentava. Os primeiros tiros perfurariam a blindagem do teto e explodiriam no interior dos veículos. Os últimos ateariam fogo em qualquer coisa que restasse.
Era impossível que alguém escapasse com vida. Se tudo saísse como planejado o segundo carregador, como munição convencional, não seria usado.
Não eram utilizados pelas forças armadas do Brasil. Mas já havia visto alguns nas mãos de militares da Noruega, quando participou de uma operação conjunta no Líbano. A munição desse tipo um sistema que atrasa a detonação até que o projétil esteja dentro do veículo a ser alvejado.
Os quatro últimos cartuchos tinham as pontas azuis. Esses foram facilmente identificados por Silas. Qualquer militar sabe que essa coloração indica que a munição é incendiária. Eram os ideais para por fim a situação que se apresentava. Os primeiros tiros perfurariam a blindagem do teto e explodiriam no interior dos veículos. Os últimos ateariam fogo em qualquer coisa que restasse.
Era impossível que alguém escapasse com vida. Se tudo saísse como planejado o segundo carregador, como munição convencional, não seria usado.
Os 11 membros seniores da Ordem dos Militares
Em um
porão, dois andares abaixo da Igreja da Santa Cruz dos Militares, em plena
Avenida Primeiro de Março, no centro da cidade do Rio de Janeiro, um senhor de
cerca de 80 anos caminhava por um corredor escuro e úmido, as paredes eram de
pedra...
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